quinta-feira, 13 de março de 2008

Tombos, quedas e outros sinónimos...
Pois é, meus caros, lembrei-me de partilhar convosco situações que acontecem aqui em Luanda com alguma regularidade... Há quem diga que é semanal mas eu, quase arriscava dizer que é uma ocorrência diária... Por incrível que pareça não tenho ouvido falar em mortes, quando estas coisas acontecem... As imagens que se seguem falam por si mas, eu vou acrescentar uma legendazinha :)
Na foto de baixo, podem observar, talvez com um pouco de esforço, que a cabine de uma carrinha de 'caixa aberta' caiu, literalmente, para dentro de um buraco ou antes, uma cratera. Isto aconteceu após uma grande chuvada, no ano passado, que tapou por completo o buraco não permitindo, a quem passasse, detectar qualquer indício da existência de um buraco... Quem não sabia da sua existência, lixou-se...

A situação que se segue ocorreu, igualmente, após uma chuvada. Deparei-me com este cenário, quando ía a caminho do trabalho em Novembro de 2007. Esta estrada é uma recta e, até hoje, estou para saber como é que o condutor conseguiu tal proeza...

A foto em baixo não foi tirada por mim mas, uma vez que andou a navegar pelo espaço cibernáutico durante o final do ano passado, tomei a liberdade de a publicar...

Estes, são meros exemplos daquilo que diariamente encontramos na cidade de Luanda... Contentores a cairem é 'mato', diría eu. Caem qie nem tordos... A cidade é um 'buraco' e os camiões que os transportam andam que nem uns loucos e sem cuidado nenhum... Cada vez que eu me cruzo com eles 'fujo a sete pés', literalmente.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Cheiros e sabores inconfundíveis...

Impressionante, como é a nossa memória no que diz respeito a cheiros e sabores... Nós até podemos nos esquecer de determinadas coisas e do seu aspecto físico mas de cheiros e sabores, muito dificilmente nos esquecemos...
Eu estava 'farta' de ouvir a minha irmã falar do fruto do cajueiro - o cajú -, do seu cheiro tão característico e de como era delicioso. Eu dizia-lhe: "não me lembro nada do fruto, nem do seu cheiro...". Pois é, hoje comprei um 'monte' de cajus. Sim, porque aqui na terra compra-se o monte e não o quilo de... monte de goiaba, monte de maracujá, monte de pitanga, monte de qualquer-coisa-que-seja-possível-fazer-monte... E, para vossa informação, paguei 500 Kz por 9 unidades (o equivalente a 5 €), depois da negociação necessária antes de pagar e fechar negócio...
De facto, hoje, quando vi a cesta de cajús na cabeça de uma senhora, vi que me lembrava daquele aspecto, daquele formato... Só não consegui associar o nome... Quando o Teo me disse: "D. Paula, aquele fruto é o cajú", eu disse-lhe "pára o carro e ajuda-me a escolher". Quando cheirei o cajú, fiquei impressionada... era o tal cheiro característico, inconfundível e indescritível que a minha irmã falava e, que eu afirmava não me lembrar. Quem cheirou este aroma uma vez, nunca mais se esquece. Até se pode esquecer do fruto em si, mas não do seu cheiro nem do seu sabor... A nossa memória olfactiva é, de facto, impressionante e espectacular...
Assim que cheguei a casa fui imediatamente lavar um para experimentar o seu sabor, que há tanto tempo eu não sentia e já não me lembrava. Fiquei logo com os dentes ásperos... mas soube divinalmente... Só me vinham à memória as conversas com a minha irmã :)
Aquele aperitivo fantástico, que habitualmente comemos (simples, salgado ou picante) a acompanhar uma bebida, é a parte de cima do fruto - a castanha de cajú (ver fotos em baixo). Que depois de seca e torrada, se transforma naquele apetitoso aperitivo...hummm
Só tenho pena de não conseguir enviar um pouquinho deste cheirinho maravilhoso...
Já não é a primeira vez que, um simples cheiro (que pode ser de um fruto, ou não), me recorda a minha infância, aqui em Angola.

P.S. Peço desculpa pela qualidade das fotos mas foram tiradas com o telemóvel. A minha máquina fotográfica avariou. Mas dá perfeitamente, para vocês terem uma ideia do fruto.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Para variar...
Lembrei-me, para variar um pouco o tipo de apontamentos que tenho publicado, de partilhar convosco um momento com a minha filhota (que carinhosamente trato por mafarrica).
Hoje, ao final da tarde, quando vínhamos da escolinha da minha mafarrica, a caminho do nosso lar-doce-lar, vira-se a filhota para mim e diz: "mamã, porquê que a cidade está toda cor-de-rosa?". Eu, apanhada desprevenida com tal questão, comecei a olhar para o céu e para todo o lado e, tentei perceber para onde ela estava a olhar. E ela continuava "mamã, porquê que a cidade está toda cor-de-rosa?". De repente, apercebi-me que estávamos a passar por uma estrada (para quem conhece Luanda, é a estrada da Samba) ladeada por edifícios, na sua maioria, pintados de cor-de-rosa... Por isso a minha fofa saiu-se com mais esta frase, é mais uma para juntar ao best of frásico da mafarrica. :) Já passei por lá tantas vezes, pois é a caminho da nossa casa, e nunca tinha reparado... É a perspicácia das crianças a falar mais alto. Nós, enquanto conduzimos, andamos preocupados com outras situações que nos podem surgir na estrada. Nesta cidade, todas as atenções devem estar redobradas quando estamos a conduzir. É que, tudo aquilo que já têm ouvido sobre o trânsito caótico em Luanda e sobre a má condução dos angolanos, É VERDADE... SÓ VISTO, SÓ VIVIDO, SÓ ESTANDO CÁ. CONTADO NINGUÉM ACREDITA. MAS ACREDITEM QUE É VERDADE.
Olhares...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Parque Nacional da Quiçama
Na sequência dos anteriores apontamentos, onde pretendi mostrar-vos um pouco da Angola que eu já conheci, lembrei-me de publicar este para fazer um pouco de 'publicidade turística' a um dos Parques Nacionais de Angola - o Parque Nacional da Quiçama (ou Kissama). Por uma questão de enquadramento e, para contribuir para a cultura geral de quem lê este blog :), decidi fazer uma breve apresentação das áreas de conservação existentes em Angola antes de me focalizar no Parque Nacional da Quiçama. Então, aqui vai...

Na época colonial foi criado um conjunto de áreas de conservação que se mantêm, na sua maioria, até à data. Claro que, ao longo de 30 anos de guerra civil, estas áreas foram abandonadas e deste modo degradaram-se e perderam parte da sua biodiversidade havendo, segundo informação via "ouvi dizer...", situações de extinção de espécies (destacando-se a Palanca Negra, emblema do País). Contudo, já "ouvi dizer" que afinal não está extinta... eu ainda não estou em poder de provas que corroborem, ou não, essa afirmação :(
Existem neste momento 13 áreas de conservação (6,6%) que incluem 6 Parques Nacionais (que ocupam 4% da superfície do País), 4 Reservas Parcias (2,2%), 2 Reservas Naturais Integrais e 1 Parque Natural Regional que totalizam, estes dois últimos, 0,4% da superfície total do País. Para além destas áreas, foram também criadas 5 coutadas públicas e 1 privada que ocupam o equivalente a 7,51% da superfície total do País. De modo a não me estender muito, vou apenas fazer referência aos nome dos Parques Nacionais (PN) existentes e indicar a província a que pertencem: PN do Bikuar (província da huíla), PN da Cameia (Moxico), PN de Cangandala (Malange), PN de Iona (Namibe), PN da Quiçama (Bengo) e PN de Mupa (Cunene).

Passo agora, para aquele que me levou a publicar este apontamento - o Parque Nacional da Quiçama. Este localiza-se na Província do Bengo, mais concretamente, a 70 km a sul da cidade de Luanda e tem uma extensão de quase 9.960 km2. Foi inicialmente estabelecido como reserva de caça pelas autoridades coloniais portuguesas, a 16 de Abril de 1938. Em reconhecimento à necessidade de se preservar com rigor a fauna e flora desta área, a reserva de caça foi elevada à categoria de Parque Nacional a 11 de Novembro de 1957. O facto de possuir uma extensão de cerca de 120km de costa marítima, a existência dos rios Kwanza a norte, Longa a sul e um grande número de lagoas no seu interior, torna o Parque Nacional da Quiçama uma zona com uma grande diversidade de Ecossistemas.

Actualmente, o Parque Nacional da Quiçama está a ser gerido e administrado pela Fundação Kissama, uma Organização Não Governamental. Desde a sua constituição, em 1996, a Fundação já realizou uma série de acções com o objectivo de devolver e proteger a vida selvagem do Parque Nacional da Quiçama, entre as quais a reabilitação do acampamento turístico (Kawa) com o fim de estimular e desenvolver o turismo no Parque; a colocação de uma vedação com cerca de 22 km, na zona norte, com um limite de 10 mil hectares permitindo assim o acompanhamento das espécies introduzidas (na chamada 'operação Arca de Noé', em 2000/2001) e a manutenção desta zona do Parque. E agora, um cheirinho daquilo que é a área vedada do PN da Quiçama...
Nas fotos de baixo podem observar gungas e zebras (em cima) e um veado (em baixo). A título de curiosidade, o macho da gunga (exemplar que se encontra atrás das zebras, cinzento) possui um porte espectacular e é um animal que pode atingir os 1000 kg. Diz quem sabe, o meu pai :), que quando uma gunga é morta ela 'chora'... É um dos únicos antílopes que não se defende quando é atacado, diz novamente quem sabe (o meu papá querido)...

Na fotografia, em baixo, encontra-se uma manada de elefantes, que regressa para o meio da floresta depois de ter ido beber água junto do rio Kwanza... O regresso dos justos... São lindos...

Em Novembro de 2007, quando fiz aquela saída de campo que vos falei anteriormente, estávamos nós a fazer o nosso percurso pela zona vedada do Parque quando, de repente, 'salta-nos' para o meio do caminho uma grande cobra... Pois é, meus caros, era uma Mamba-negra (foto de baixo) que é, nem mais nem menos, considerada a maior e mais venenosa serpente de África (ainda bem que estávamos na pick-up...). O seu tamanho varia de 2,5 m a 4,5 m, sendo a segunda maior cobra venenosa do mundo, a seguir à cobra real. É a cobra mais rápida do mundo, capaz de se deslocar a 20 km/h. No entanto, usa essa velocidade para escapar do perigo e não para atacar as suas presas (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mamba-preta). O nome Mamba-negra deve-se, não a cor do seu corpo mas, ao interior negro da sua boca.

Por fim, a vista espectacular do Acampamento do Kawa (local que possui condições para se passar um fim-de-semana espectacular, longe de Luanda, a descansar...). A imagem fala por si...Como já alguém disse, "uma imagem vale mais do que mil palavras...".

Havia muitas mais fotos para vos mostrar mas, como devem imaginar, ficava um apontamento infindável... Estas, servem para vos aguçar o apetite e, quem sabe, visitarem a malta num futuro próximo.

Beijos e abraços e, até breve.