Kalandula (ex-Duque de Bragança)
Em Agosto fomos a Malange com os nossos amigos Isabel, António, Rui e Inês. Eles desafiaram-os e nós aceitámos o desafio com bastante entusiasmo, principalmente, porque estava a ir à minha terra. Este foi um passeio de "regresso ao passado". Fui incumbida pela minha mãe de visitar Kalandula (a terra da minha mãe) e outras paragens. Ver, fotografar, memorizar tudo o que pudesse para depois fazer a "reportagem".

Esta visita a Kalandula foi de uma emoção sem tamanho. Os nossos amigos tinham marcado dormida numa pensão - Pensão Yolaca - que viemos a saber mais tarde, por um rapaz de nome Décio, que era a pensão do meu avô - Manuel Pires Diogo. Bombardemos o rapaz de peguntas sobre a pensão e sobre a minha família, as quais a maioria não sabia responder. Ele depois disse: "o melhor é eu falar com o meu pai que ele trabalhou na pensão nessa altura e de certeza que ele se lembra de tudo. Ele é a pessoa indicada para falar convosco".

Nessa noite eu só perguntava ao meu marido se aquele teria sido o quarto onde a minha avó tinha dormido, ou a minha mãe...No dia seguinte conhecemos o Sr. Paiva. Ele falou do meu avô, da minha avó, da minha mãe, do meu pai (que namorava a menina Télinha), ... Eu não consegui conter as lágrimas. Nunca me tinha acontecido regressar a um local com tanta história sobre a minha família, e onde a minha família fez história e deixou marcas. Ainda hoje há pessoas que se lembram do bem que eles fizeram por Kalandula. O Sr. Piva disse: O seu avô falava melhor a minha língua do que eu. Ele é que me ensinou a falar Kimbundo.

Só tenho pena que tenha havido uma guerra que nos fez a todos ir para Portugal... Mas é assim a vida. Quem diria que eu voltaria à Angola depois de 32 anos...

Só tenho pena de não termos conseguido ir ao Quela. Era o sítio onde viviamos antes de irmos para Portugal. Desse é que eu tenho poucas, mas algumas memórias.

Beijos

AK